Inteligência financeira na propriedade rural

Janaina Calvo

A atividade rural está inserida no contexto de um mercado altamente competitivo, com margens cada vez menores. Nessa cena, ganha muita importância na equação de sucesso do empreendimento as questões financeiras que nortearão as tomadas de decisão. Além disso, é importante que o produtor pense em novas estratégias para a perenização do seu negócio.

Uma das novas preocupações do agricultor passou a ser a compra de matéria-prima considerando, de forma sistêmica, a comercialização, contratação e gestão financeira, além da gestão dos riscos envolvidos nessa indústria a céu aberto chamada de agronegócio.

Os percalços climáticos que envolvem uma plantação, somados à correria do cotidiano, podem colocar as pessoas operando no automático para dar conta de tantas variáveis complexas. Nesse caso, podem deixar de lado aspectos de alta relevância para o negócio, como é o caso da gestão financeira.

Sem gestão financeira é difícil responder a questões como aquisição e atualização de maquinário, investimento em novas terras e insumos, uma vez que não se tem ao certo a disponibilidade financeira. A ausência de planejamento e controle é a grande vilã do capital investido, pois não é possível sequer cortar gastos desnecessários ou pouco relevantes, já que não se pode afirmar onde está o gargalo.

Com planejamento financeiro e manutenção de um bom fluxo de caixa é possível controlar o tipo de investimento que poderá ser feito sem que se ponha em risco a saúde financeira do negócio, na medida que pode servir como balizador para as escolhas relacionadas a investimentos futuros.

O planejamento consiste em traçar metas de curto, médio e longo prazo, para que o empreendimento rural cresça cada vez mais, levando em consideração itens como objetivos, ações, recursos, riscos e prazos, ponderadas as particularidades e necessidades específicas de cada produtor rural.

Ao longo de minha caminhada, percebi que as pessoas geralmente possuem algum tipo de controle apenas sobre as despesas de custeio, relacionadas à compra dos insumos necessários para a realização da atividade, entretanto, outros custos como mão-de-obra, encargos, juros, impostos, despesas administrativas, depreciações e manutenções são deixados de lado e isso dificulta o diagnóstico completo da situação financeira da propriedade rural.

A gestão financeira deve ser um processo contínuo com a finalidade de dar apoio aos momentos de tomada de decisão de ¨onde, como, quando e quanto¨ investir. O planejamento financeiro realizado de modo estratégico age como direcionador de investimentos na atividade agrícola. E quanto mais estratégicas, planejadas e controladas forem nossas ações, mais frutíferos serão nossos retornos.

Janaina Calvo é economista e possui experiência no setor público e privado como Conselheira de Emprego e Renda do Estado de São Paulo e Conselheira do Banco do Povo (baseado na experiência do Grameen Bank). Professora dos cursos de MBA’s da Fundação Getúlio Vargas FGV e Universidade Presbiteriana Mackenzie. Na área executiva, atuou como Gerente de Pessoal e Finanças do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia – Crea/SP, o maior Conselho de Fiscalização de Exercício Profissional da América Latina.

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